O horizonte das atuais lutas no CRUSP está na retomada de seu projeto de moradia coletiva e no avivamento do movimento estudantil no seio do campus Butantã. Sendo símbolo de resistência desde sua criação, o CRUSP está na frente das mobilizações pelo fim da repressão e perseguição política dos estudantes e moradores.
Fora PM da USP
A presença da polícia militar na cidade universitária surge em 2009, quando a PM entrou no campus para reprimir uma greve, fato esse que não ocorria desde a ditadura militar, mas sua estadia fazia parte do plano de privatizar a universidade. É em 2011 que o reitor João Grandino Rodas firma um convênio da PM com a USP. Desde então a direção da universidade vem construindo uma narrativa onde o campus é extremamente perigoso, para justificar a presença da PM, e com diversos casos de abordagens racistas e violentas, está mais que claro que a PM não está preocupada com a integridade dos estudantes, e na verdade, está no campus para reprimir o movimento estudantil e o próprio debate político.
A pandemia de COVID-19
Durante a pandemia do vírus Covid-19, os problemas de infraestrutura e negligência que assombram o CRUSP foram evidenciados: falta d'água, instalações precárias, infestação de ratos no bloco das mães, o despejo de centenas de alunos moradores do bloco D para reformas, negligências em série, com a exigência da quarentena, muitos desses problemas não poderiam mais ser ignorados. Com isso surge a necessidade de se manifestar e exigir que os direitos humanos sejam respeitados durante um período tão delicado para o mundo. Pouco tempo se passou desde o fim da quarentena e pouco foi feito para melhorar a qualidade de vida no CRUSP e é para isso que a luta por melhores condições de vida na moradia universitária não pode parar.
Saúde Mental
A negligência ao sofrimento psíquico por parte da universidade pode gerar consequências catastróficas. A luta pela valorização da saúde mental vem obtendo cada vez mais reconhecimento e sendo incorporada às pautas de permanência, conseguindo avançar cada vez mais essa luta na comunidade cruspiana.
Autonomia e defesa dos espaços estudantis
Atualmente, os moradores do conjunto residencial não possuem autonomia nas decisões que interferem diretamente nas residências. Para além dos despejos e das repressões coordenadas pela polícia militar, há investidas da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), sob a coordenação da pró-reitora Ana Lúcia Duarte Lanna, instaurando um sistema de controle de acesso que anteriormente já havia sido criticado pelos moradores.
Para concluir, as lutas do CRUSP envolvem a permanência estudantil, o movimento luta para que direitos básicos de sobrevivência sejam respeitados, e conseguimos algumas vitórias, como por exemplo aumentar o valor das bolsas de permanência, que possuíam um valor bastante desproporcional diante de uma das cidades mais caras do país. Mas apesar das vitórias a luta continua para que cada estudante tenha uma vivência digna na USP.